Os modelos de inteligência artificial generativa devem impactar uma série de empregos nas mais variadas indústrias, mas pelo menos uma profissão não será afetada: a de contador, segundo um estudo da Brigham Young University (BYU), nos Estados Unidos. De acordo com a pesquisa, os contadores humanos ainda superam o ChatGPT nos exames de contabilidade.
O estudo envolveu 327 pesquisadores de 186 instituições educacionais diferentes em 14 países, que desenvolveram 25.181 questões de exames de contabilidade em sala de aula. As questões abrangeram sistemas de informação contábil, auditoria, contabilidade financeira, contabilidade gerencial e tributária. Elas variavam em dificuldade e tipo, incluindo verdadeiro ou falso, múltipla escolha e respostas curtas.
O ChatGPT teve um bom desempenho. A média geral da IA foi de 47,4%, se saindo melhor do que os alunos humanos em 11,3% das questões, e se saiu especialmente bem em sistemas de informação contábil e auditoria. No entanto, de forma geral, os alunos humanos superaram a linguagem de IA. A pontuação dos estudantes chegou a 76,7% e eles se saíram melhor em questões sobre avaliações fiscais, financeiras e gerenciais, informa o site euronews.next.
Em termos de tipo de pergunta, o ChatGPT se saiu melhor em perguntas de verdadeiro x falso (68,7% de acerto) e de múltipla escolha (59,5%), mas teve dificuldades com perguntas de resposta curta.
O estudo também destacou algumas outras descobertas interessantes. O ChatGPT nem sempre reconhece quando está realizando um cálculo de matemática – e comete erros sem sentido, como adicionar dois números em um problema de subtração ou dividir números incorretamente. Ele também fornece explicações para suas respostas, mesmo que estejam incorretas.
IA pode ajudar no processo de ensino
O principal autor do estudo, David Wood, professor de contabilidade da BYU, queria recrutar o maior número possível de professores para ver como a IA se saía em relação a alunos reais.
“Quando essa tecnologia surgiu, todos estavam preocupados que os alunos pudessem usá-la para trapacear”, disse Wood. “Mas oportunidades de trapacear sempre existiram. Então, estamos tentando focar no que podemos fazer com essa tecnologia agora que não podíamos fazer antes para melhorar o processo de ensino. Testá-lo foi revelador”, acrescentou.
Coautora do estudo e professora de contabilidade da BYU, Melissa Larson afirma que a ferramenta pode auxiliar os docentes. “É uma oportunidade para refletir se estamos ensinando informações de valor agregado ou não”, observa.
Fonte: Epoca Negócios Globo